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Entrevista com Jayr Peny

A Galeria Iguales abre hoje a exposição Mergulho Profundo, de Jayr Peny, depois do regresso a Natal, após 26 anos morando na Europa. É sobre sua imersão no fazer artístico e a influência dessa nova mudança na sua obra, que o artista bateu um papo com o curador da mostra, o jornalista Cristiano Félix.



Nas últimas quase três décadas você morou fora do país. Por que o desejo de voltar agora?


"Existe um ditado que diz "O filho a casa retorna", e aqui estou eu, finalmente e definitivamente na minha querida "terrinha natal". Foram anos de amadurecimento, descobertas e crescimento interior que a Europa me proporcionou. Aos 56 anos, tomei a decisão de devolver para a Natal todo esse aprendizado. Tenho certeza de que os natalenses, assim como eu, vão prestigiar e acompanhar nos próximos tempos a continuidade dessa minha evolução artística. Amo a minha cidade e a riqueza do seu povo e da sua cultura. Aqui estou de braços abertos, com tintas e pincéis nas mãos, para dar continuidade ao trabalho.


É certo que, além da linguagem surrealista, o figurativismo mostrado em algumas das suas obras sofreu forte influência também das paisagens de Portugal. Como você trabalha esse intercâmbio entre nações lusófonas, principalmente Brasil e Portugal, nas suas telas?


De fato, sofri bastante influência da cultura Europeia e, principalmente de Portugal, onde vivi. Quando cheguei lá corria o ano de 1995 do século passado, não fazia ideia do quando o meu trabalho iria absorver do modo de ser dos portugueses e da não menos rica, sua cultura. Deixei que ocorresse naturalmente e incorporei vários temas locais como "O Fado", "As Varinas” e "Os Marnotos". Considero hoje que essa abertura foi uma mais valia para o meu processo criativo. No meu modo de ver, foi fundamental esse intercâmbio de culturas ao qual podemos chamar de "luso-brasileira". Digo mesmo que devo a essa mistura a evolução do meu trabalho hoje. Navegar é preciso.


Dentro do universo surrealista, você voltou a desenvolver trabalhos com a técnica frottage. De onde veio esse desejo e o que você quer mostrar?


Os trabalhos da séria "Psicodélica", nos quais uso vários recursos entre eles o frottage, tiveram um início curioso e eu senti esse desejo de retomar depois que um pano ficou "preso" em cima de uma das minhas telas inacabadas. Quando retirei o trapo de cima, as nervuras imprimiram na superfície da tela um rosto... incrível! Chamei isso, àquela altura de pintura instantânea e de "despintura", porque em vez de colocar tinta na tela, retira-se camadas de tinta dela. O resultado é sempre uma fatástica-sureal-psicodsélica surpresa. Apresento quatro novos trabalhos dessa série na exposição.


A exposição está sendo montada com série diferentes dos seus trabalhos. Existe uma conexão entre elas?


Existe, sim. Essa série Psicodélica, que acabei de citar, foi iniciada há mais de vinte anos, por exemplo. E eu retomo algumas ideias que foram amadurecendo nos últimos tempos, com força agora para essa exposição. Todas as séries têm um fio condutor, um denominador comum entre elas que é o DNA do meu trabalho, não consigo "fugir" de mim mesmo seja trabalhando em uma série que beira o abstracionismo. A minha assinatura e forma de pintar estarão sempre presentes. Essa é a mágica!


É a sua terceira exposição na Galeria Iguales nos últimos seis anos, mas a próxima é a primeira repleta de trabalhos novos. Como é a relação com o espaço e o que você espera dessa nova empreitada?


As perspectivas são as mais positivas. Aguardem muitas surpresas e suspiros! Essa nova exposição eu diria que é, de longe, a mais completa e a mais representativa da minha arte de todas as que a Galeria Iguales realizou até agora. Ela marca um novo ponto de partida e reafirma essa fecunda relação que temos. O requinte do espaço se encaixa como uma luva com o conjunto dessas novas obras que estou desenvolvendo.


Expediente

Exposição “Mergulho Profundo: Uma imersão de formas e cores ao voltar para casa”

Onde: Galeria Iguales – Av. Hermes da Fonseca, 1062, Tirol.

Quando: De 25 de agosto a 28 de setembro de 2021.

Horários de visitação: Terças e sábados das 10h às 15h e de quarta a sexta das 10h às 22h.

* Entrada gratuita

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